Hoje em dia, a oferta de cimentos tradicionais e adesivos cerâmicos é tanta, que se torna muito importante reconhecer as suas variedades e funcionalidades.
É certo que no dia a dia, usamos muitas vezes termos como “cimento” ou “argamassa” quando falamos em colocar azulejos, por exemplo.
Contudo, convém saber que (na prática) há mais para explorar e entender a essência de cada material, para evitar problemas ou confusões.
Cimentos tradicionais vs adesivos cerâmicos
Para começar, aqui ficam alguns tipos de cimento mais usados na construção:
- Betonilhas de cimento: Este tipo de argamassa de cimento consiste numa mistura formada por um ou mais ligantes (cimento, sulfato de cálcio, …) agregados, água e, em por vezes, outros aditivos, com benefícios específicos de modo a permitir a colocação da cerâmica num revestimento horizontal.
- Argamassa de reboco: Tal como a argamassa de betonilha, também a de reboco é formada por ligantes (um ou mais), agregados e água. Mas, neste caso, uma vez colocados sobre um revestimento vertical, apresenta características diversas. Por essa razão, os aditivos, que por vezes são aplicados, são mais adequados na hora de receber uma instalação cerâmica como revestimento vertical.
Como já referimos, estas argamassas são usadas para preparar o suporte antes da colocação do revestimento cerâmico, mas não para a colocação em si.
Para a colocação de ladrilhos, propriamente dita, há que referir as argamassas/cimentos tradicionais e os adesivos cerâmicos. Assim sendo, confira as características e diferenças entre ambos:
Cimentos tradicionais
Neste caso, falamos de um mistura que é geralmente feita de cimento e/ou cal, juntamente com areia (possivelmente o agregado mais comum) e água. Por norma, fazer cimento é uma tarefa simples e é algo que é feito na hora. Contudo, apesar de útil e prático, não deixa de apresentar algumas limitações de uso.
Adesivos cerâmicos
Já os adesivos cerâmicos surgem de uma evolução natural das argamassas para novos materiais cerâmicos. Naturalmente, isso contribuiu para o aparecimento de diferentes técnicas de assentamento. Segundo a Norma Europeia UNE-EN 12004, tem à disposição três tipos de adesivos cerâmicos:
- Resinas cimentícias
- Dispersas
- Reactivas
Factores que contribuem para as diferenças entre os cimentos tradicionais e os adesivos cerâmicos
1 – ADERÊNCIA
Falamos aqui do fenómeno que se gera ao tentar unir dois materiais (aderentes) por meio de um terceiro (adesivo) como ponte de ligação entre eles. Nesse sentido, existem dois tipos: mecânica ou química.
- Aderência mecânica: Aqui os principais protagonistas são a textura e a porosidade dos materiais (aderentes) e a capacidade de humedecimento do adesivo.
Basicamente, falamos de um processo em que o adesivo penetra na porosidade da cerâmica e do suporte, permanecendo ancorado neles e hidratando a argamassa.
- Aderência mecânica: Esta é característica das argamassas tradicionais e deve-se principalmente à incorporação de aditivos (resinas poliméricas) nas argamassas para melhorar as suas propriedades. Além disso, à intervenção da química orgânica durante o processo de hidratação, de modo a obter o efeito necessário.
2 – DEFORMABILIDADE
Como bem sabe, os revestimentos cerâmicos estão sujeitos a uma grande variedade de tensões: tração, flexão, compressão, cargas, etc. Nesse sentido,, falamos da deformabilidade de um adesivo sempre que o sistema é mantido ante os esforços mencionados.
Cimentos tradicionais
De acordo com a Norma UNE 138002: 2017, o uso de cimentos tradicionais na instalação de revestimentos cerâmicos deve ser limitado exclusivamente a este tipo de casos:
- Ladrilhos cerâmicos com capacidade de absorção de água superior a 3% (nos casos superiores a 10%, os ladrilhos devem ser imersos em água e deixar escorrer)
- Ladrilhos cerâmicos com dimensão nominal inferior a 900 cm2
- Pavimentos exteriores de clima temperado, onde não há riscos de geada
- Em paredes, divisórias e pisos de máxima estabilidade
- Sempre que não hajam camadas intermediárias compressíveis
- Suportes de média/alta absorção de água com textura superficial
- Superfícies compatíveis com argamassa de cimento/cal
Relativamente aos pavimentos de cimento, além dos aspectos anteriormente referidos, acrescente também:
- Lajes com vãos inferiores a 5m e/ou de estabilidade média.
- Altura disponível para o piso, a partir da camada de compressão da laje, não inferior a 80 mm
- Camadas intermediárias sem compressibilidade
- Pavimentos usados apenas para a circulação de peões
Se vir que os requisitos acima são atendidos, então, o uso de cimento tradicional é viável.
Mais (6) dicas:
Além do já mencionado, também é importante ter em conta as seguintes indicações:
- Opte por usar cimento Portland (CEM I) ou Portland composto (CEM II/…) da classe de resistência mais baixa (32,5 MPa)
- O cimento deve ter a marcação CE
- Se optar por usar cal, que seja cal apagada ou cal hidráulica
- Opte pela areia siliciosa com uma granulometria equilibrada – entre 0 e 4 mm. O uso da areia da praia não é recomendado por causa da existência de cloreto na sua composição
- Use água limpa e potável e respeite as quantidades
Na dúvida, siga as nossas dicas sobre como preparar argamassa
Como pode ver, são muitas as limitações e contrapartidas que os cimentos tradicionais apresentam. E se tivermos em conta que, cada vez mais, o material cerâmico predominante é o grés porcelânico, cuja capacidade de absorção de água é inferior a 0,5%, vemos que esta não é a melhor opção.
Além disso, os formatos das cerâmicas estão a aumentar cada vez mais e está claro que as peças de cerâmica de grande formato não são apenas uma moda: elas vieram para ficar!
Bastariam estes dois aspectos (absorção e formato) para mostrar como o cimento tradicional já é obsoleto e incompatível com grande maioria das instalações cerâmicas atuais. Ao contrário dos adesivos cerâmicos, claramente melhor preparados e capacitados para superar essas limitações.
Para terminar, queremos saber a sua opinião: o que pensa sobre o uso cimentos tradicionais e adesivos cerâmicos!
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